Quem não os tem e de quantos não o somos? Inconvenientes sim, mas amigos sempre. Espaço destinado a publicações de textos de amigos, inconvenientes ou não. Domingo, 3 de fevereiro de 2013. Sentir-me só, como eu queria! Sentir saudade, lembrar seu cheiro. Ver seus cabelos pelo chão. E poder imaginar que estiveram em você. Como eu queria ver seus brincos. Esquecidos na cabeceira, desolados. Encontrar rimel e batom perdidos. Junto aos sabonetes e remédios. Ver pratos sujos sobre a pia.

Segunda-feira, 3 de junho de 2013. A vida é o que você deixa de fazer dela. Ela é o oposto do que você espera. Ela é o avesso dos seus planos. É o inesperado que antecede seu futuro. É o soco na boca do estômago. Que te devolve o ar. A vida é tão passageira quanto nossas vontades. Tão real quanto nosso imaginário. A vida nua, crua, cruel. Vida fria, amarga, rica, breve, vazia. Vida sem amor, vida que acontece sozinha. Estrela guia que confunde as entrelinhas.

Quarta-feira, 28 de março de 2018. Sobre dias que poderiam não existir. Os ovos boiavam nas bolhas da água que fervia. Não se atentou ao tempo. A gema escorreu crua entre os dedos. Sangue amarelo de um embrião que nunca existiu. A cabeça doía há três dias. Um dia, uma semana, um mês que era melhor não ter existido. A vida escorria crua entre os dedos. A tristeza de uma festa vazia. A tristeza de um hospital lotado. Não teve paciência de esperar o ovo cozinhar.